segunda-feira, 30 de junho de 2008

Para uma deusa cabocla

Neste clima tropical,
Presente que Deus nos deu,
A "Flor do Sertão" nasceu
Na Vila Pelo Sinal.
Distante da capital
Da Paraíba, o seu chão,
Onde o sol toma a ação
De quem se desfaz em ira,
Na cidade Manaíra,
Extremo do meu sertão.

Quando enfim nasceu a rosa
No ano setenta e sete,
Pareceu jogar confete
A natureza, orgulhosa
De sua tão carinhosa
E ousada criação.
Bendita obra que a mão
De Deus moldou e deu vida...
Bendita sejas, querida,
Onde pisares no chão!

Sob um sol bravo e escaldante
Que mais queima do que brilha
Nasceu Cristiane, filha
De um povo perseverante.
Gente que parece amante
Das grandes dificuldades ,
Que enfrenta calamidades,
Abandono e estiagem,
Mas não lhes falta coragem
Nas responsabilidades.

E brotam daquele chão,
Bem diferentes das nossas,
Deusas das mãozinhas grossas,
Anjos de disposição.
Misses que decerto não
Conhecerão passarelas...
Roubou a sorte isto delas,
Pras "damas" da bacanagem,
Mas deu talento e coragem
Pra serem melhor que elas.

E eu, Cris, com emoção
E de orgulho aos estalos
Fiquei quando vi os calos
Da palma da tua mão.
Pois vi que a beleza não
É só tua formosura...
A lida severa e dura
Te imprimiu, desse jeito,
Este sinal de respeito,
De esforço e de bravura!

Te juro, Cris, que é meu gosto
Te rever para que possas
Com tuas mãozinhas grossas
Acariciar meu rosto.
Depois em teus braços posto
Descansar agradecido.;
Cantar após ter dormido
O sono dos sonhadores,
Depois te dando louvores
Sorrir de envaidecido.

Te escrevo da "grande praça"
Onde estivemos um dia,
Tudo é escuro e sem graça
Sem a tua companhia.
Desce do teu pedestal
E vem, que em Pelo Sinal,
Tudo se ajusta depois.
Hoje nada se compara
À noite e à lua clara
Que querem ser de nós dois.

Ah, se de novo eu pudesse
Desfrutar daqueles beijos
E se o dom eu tivesse
De saber dos teus desejos...
Eu decerto me faria
Presente na fantasia
Mais íntima que tu tiveres
E, tendo um sinal aberto,
Eu te faria, decerto,
A mais feliz das mulheres!

E nesse dia feliz
Te faria a céu aberto
Tudo que estive tão perto
Mas sem direito não fiz.
Te amar como sempre quis,
Livre como quem flutua,
Poder conhecer a tua
Vontade maior, teus medos,
Penetrar nos teus segredos
Ponto onde o mistério atua.

Navegar, sim, navegar,
Se pôr do amor à deriva,
Numa sessão criativa,
Sem ter que se limitar.
Suar, gemer, suspirar,
Delirar, desfalecer,
Se esgotar, se refazer,
Repetir-se a todo instante
Num delírio estonteante,
Num festival de prazer.

Guardei e mantenho ativa
Sob a luz da nossa história
A tua lembrança viva,
Pulsando em minha memória.
Me serás sempre bendita....
E aos que escutam esta fita
Peço pelo amor de Deus
Que, de Cris, nenhum mal pensem,
Se hoje a outro pertencem
Os beijos que foram meus.

Foram e foram intensamente,
Ri-se ao relembrar, meu peito,
Mas 'tava escrito que a gente
Não detinha esse direito.
Se de mim houve a verdade,
Senti reciprocidade
Em cada gesto de Cris:
Linda, meiga, angelical...
Mulher tão especial
Merece ser mais feliz!

Que Deus te ilumine, Vila
Que deu origem à "Rainha"!
Torne-a feliz e tranqüila
Mesmo que não seja minha.
Vila, esse fruto que deste
Outro igual não mais tiveste
E não terás tão perfeito...
Proteja-a de qualquer mal,
Bendito Pelo Sinal
Da "Santa" Cruz do meu peito!

Não sei se saí ferido,
Se feri também não sei,
Só sinto que arrependido
Não sou e nunca serei.
Se poder tivesse agora,
Faria voltar a hora
Que um dia o sonho se fez.
E o nosso amor clandestino,
Se eu controlasse o destino
FARIA TUDO OUTRA VEZ!

Campina Grande, outubro de l998

quarta-feira, 18 de junho de 2008

A PAZ QUE EU GOSTO DE TER

Pedro Henrique Vieira de Luna
(o meu neto)
- Tirando uma "modornazinha" no sofá, enquanto vovô trabalha -